Ezequiel declara guerra e política em Correntina continua indefinida

 Ezequiel declara guerra e política em Correntina continua indefinida

O ato político foi feito prefeito Ezequiel Barbosa para comemorar o resultado das eleições municipais.

Se você pensa que a eleição municipal em Correntina, cidade da região Oeste da Bahia, terminou com apuração dos votos no domingo, dia 2 de outubro, está enganado viu. O embate político continua intenso e a população não sabe ainda quem será o próximo prefeito.

O ato político foi feito prefeito Ezequiel Barbosa para comemorar o resultado das eleições municipais.
O ato político foi feito prefeito Ezequiel Barbosa para comemorar o resultado das eleições municipais.

Diante deste cenário de incertezas, o prefeito de Correntina, Ezequiel Barbosa (PSDB) protagonizou, na noite da última segunda-feira (3), umas das cenas mais preocupantes da política local nas eleições deste ano. Inconformado com o resultado das urnas, Ezequiel estabeleceu território, convocou os soldados e declarou guerra contra os adversários políticos. Ele afirmou que continuará no comando da prefeitura até 2020 aconteça o que acontecer.

Em cima de um mini trio, durante o discurso feito em praça pública para comemorar a suposta vitória, o prefeito fez questão de chamar os eleitores do candidato Nilson José Rodrigues (Maguila) de “Tropa de Bestas” por terem votado em um candidato indeferido pela Justiça Eleitoral.

“Em São Manoel, Povoado do Grilo, Aparecida do Oeste, na Praia, aonde (sic) estão meia dúzia de bestas, meia dúzia de palhaços, fazendo carnaval dizendo que é vitória. Aí tem um dos bestas que dizem assim: foi (sic) 1.300 votos”, reclamou o prefeito e rebateu imediatamente, “1.300 bestas que jogaram seus votos fora.”

O mais intrigante desse fato foi a reação do público diante da incitação à violência feita pelo prefeito Ezequiel Barbosa. A cada declaração dele, as pessoas aplaudiam e gritavam palavras de ordem.

“E agora meu povo, eu convoco todos vocês como soldados desse município. Aonde (sic) quer que eles quiseram fazer guerra, nós vamos chegar e destruir na guerra. Vamos chegar de frente porque aqui não é homem que tem sangue parado, aqui é homem que tem sangue grosso, tem sangue vermelho nas veias…. e digo mais, não abro mão dessa guerra, não abro mão dessa luta, ainda que eu tenha que derramar sangue”, ameaçou Ezequiel enfurecido.

A indignação do candidato do PSDB é porque ele não conseguiu ganhar a eleição como queria. Maguila venceu nas urnas com 10.561 votos (53,4%) e Ezequiel ficou com 9.217 votos (46,4%), ou seja, perdeu o atual prefeito perdeu por 1.344 votos. No entanto, por conta de uma ação movida contra a candidatura de Maguila, os votos do PCdoB não foram validados e o caso aguarda decisão do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA).

Ele também relatou que um grupo de “bandidos” foi na casa dele fazer ameaças por conta do resultado das urnas. Fora isso, segundo Ezequiel, várias “bestas” estariam fazendo baderna em algumas comunidades rurais. Para resolver o problema, o prefeito relatou que iria chamar a Polícia para acabar com as comemorações descabidas.

Ezequiel falou mais e deu um recado aos adversários que estão comemorando vitória pelas ruas da cidade.

Não aceito aqueles que diziam que tinha dinheiro, que turrava no Mercado Municipal, que hoje está querendo turrar nas ruas, a partir de amanhã, se não entrar para dentro de casa a confusão vai ser feita e pau vai quebrar.

Entenda a história

A situação em Correntina é muito preocupante diante do risco de atos violentos por conta da disputa política que não terminou com o resultado das eleições. Na verdade, essa história já se arrasta desde as eleições de 2012. Na época, o cenário era inverso ao atual. Foi Ezequiel que teve problemas judiciais e não pode assumir o cargo de imediato. Ao invés disso, o candidato Laerte França (Laertão) do PCdoB, candidato de Maguila à sucessão municipal, assumiu a cadeira de prefeito. No entanto, em setembro de 2013, o candidato do PSDB conseguiu derrubar a decisão que o tinha tornado inelegível e assumiu definitivamente o cargo.

Nestas eleições, foi Maguila que teve problemas com a Justiça Eleitoral. Por conta de um processo no TCU por prestação de contas fora do prazo, o nome dele foi incluído na lista dos gestores inelegíveis para as eleições de 2016. O candidato do PCdoB foi prefeito de Correntina por dois mandatos (2005-2008) e (2009-2012). A defesa de Maguila recorreu contra a decisão local que negou a candidatura dele e levou o caso para o TRE. Os advogados argumentam que não houve desvio de dinheiro público, apenas uma prestação de contas tardia e isso não torna o gestor inelegível.

Mesmo com a candidatura indeferida com recurso, Maguila não foi impedido de continuar candidato e concentrou força para derrubar a decisão em Salvador antes da eleição. Como isso não ocorreu, os votos dele foram devidamente contabilizados e armazenados para serem validados ou não pelo TSE até o dia 19 de dezembro de 2016 – prazo final para diplomação de Maguila como prefeito – é o mais provável que ocorra porque os ministros já têm o entendimento de que prestação de contas fora do prazo não causa inelegibilidade.

Mas se mesmo assim o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar o indeferimento da candidatura de Maguila, não quer dizer que Ezequiel será confirmado prefeito. O fato é que pela legislação eleitoral, o mandato de Ezequiel termina no dia 31 de dezembro. A Lei Lei 4.737/1965 estabelece que será necessária realizar novas eleições municipais. A base legal está expressa no artigo nº 224 ao definir que caso mais de 50% dos votos sejam invalidados a eleição em questão é anulada e uma nova deverá ser convocada no prazo de 20 a 40 dias.

A expectativa é que o caso passe pelo TRE nos próximos dias. No entanto, qualquer que seja a decisão, o candidato que perder deverá recorrer ao TSE – última instância do processo. A grande questão é que a população de Correntina já passou por uma situação parecida nas eleições de 2012 e não pode, mais uma vez, ser prejudicada com as constantes troca de prefeito e indefinição política. A esperança é que tudo se resolva da forma mais harmoniosa possível e a paz seja uma constante na cidade.

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